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quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Voltar a estar contigo nas mesmas ruas por onde me apaixonei, é senti-me no mesmo espaço mas num espaço temporal diferente. Recordo tão bem o pequeno homem que me amava incondicionalmente e andava de mãos dadas por estas ruas. Agora vejo duas pessoas que se entregam ás drogas e divagam discursos, puxam assuntos antigos só para demonstrar que ainda estimam as antiguidades de recordações. Fomos tão mais do que isto, somos tão mais nada daquilo que se foi, juntos. E vê lá tu bem, que eu nem nunca tive a oportunidade de me despedir de ti. Parabéns à morte de nós dois, comemora-se o fim no mesmo espaço aonde se deu o início. É ainda o meu amor por ti que te acende o rosto no próximo deslumbramento.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Querida Verónika, nrº11

Deito-me observando o céu. Respiro fundo, dou mais um bafo num cigarro saturado e sinto o pesar da consciência. Sinto o desgaste das palavras, a minha incapacidade de constituir-me num só texto coerente conferiu-me a possibilidade de ser muito. Então se calhar é na minha desarrumação, que se manifesta a minha grandeza, Verónika. Foi precisamente a fingir que eu fui espantosamente verdadeira e honesta contigo. Foi a fingir para se viver bem, e para se viver bem é preciso manter o sonho, sem nunca realizá-lo, tendo em conta que a realização sempre foi inferior ao sonho. Sonho fingindo, sentido tudo de todas as maneiras, não na carne que sempre cansa, mas na imaginação.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Querida Verónika, nrº10.


Sento-me no meu espaço vazio e começo a sorrir. Tento englobar no espaço a sensação deste novo espaço. Sinto só mais um tédio. O espaço é novo mas os pensamentos continuam os mesmos, por isso já sinto a antecipação de mais tédio na vida. Mas eu precisava de abandonar aquela página, Verónika. Eu entrava lá, era só mais um bafo e lia, só mais um bafo e perdia-me em pensamentos abstractos; alegrava-me ir ver ou então havia aqueles dias em que eu tinha que ir ver só porque sabia que iria pesar ao ver, e quantas vezes não nos temos que carregar com peso perdendo a força e o equilíbrio Verónika?; só mais um bafo para mais uma reflexão e perdia-me na fixação destas minhas sensações. Envolvo-me no que escrevi, porquê escrevi e a que me dirigi - A repetição incessante de escrever pelo mesmo motivo, pelas mesmas pessoas, pelas minhas inconsciências  pelo mesmo cansaço...
E aquela página já não era senão um espaço completo de decadência, precioso em antiguidades que deixei por lá. E eu tenho amor àquilo talvez porque não tenha mais nada para amar. Precisei de fugir dali só para diminuir a febre do meu cansaço mesmo sabendo, de forma inconsciente  que aquilo será sempre a minha fuga e o meu refugio.